segunda-feira, junho 26, 2006

Ai S. João, S. João...

Há alguns anos atrás, na minha mocidade, ia no dia de S. João para a cidade do Porto, numa correria desenfreada, gozar do genuíno espectáculo que era o S. João no Porto. O mais democrático dia de Portugal, em que toda a população vinha à rua, em que o alho porro (anterior aos ridículos martelinhos) batia indiferentemente nas cabeças do rico e do pobre, do patrão e do empregado, do polícia e do ladrão, do governante e do POVO.

Regressava a casa, estoirado por noite e dia de folia, com a amargura do “S. João já se acabou” mas também com a esperança “para o ano há mais”.

Hoje, à distância de muitos quilómetros, assistindo ao deplorável espectáculo com que a RTP me brindou, fiquei com a ideia que o “meu” S. João tinha acabado.

Tinha acabado??!!

NÃO!

O irredutível que vive dentro de mim não quer acreditar, e começa a telefonar (sim, telefonar, porque não gosto de “telemovar”…). Telefonema para um, telefonema para outro, e começam a chover, na minha caixa de correio electrónico, imagens e filmes do verdadeiro S. João.

Ah, o “meu” S. João ainda existe!!

Afinal, o programa da RTP era apenas uma partida de muito mau gosto.

Depois meditei e cheguei à conclusão que o Porto já não era o Porto que conhecia. Esse Porto nunca permitiria uma “chungalhada” / “chungalheira” destas!

Toca a telefonar.

Sou de novo brindado com imagens e filmes acompanhados de narrativas acerca do local onde a festa se passou (e ainda passava…), onde os odores da sardinha assada, manjerico, alho-porro e hortelã se misturam. Sim, a festa não é nada sem uma boa sardinha assada assente numa fatia de pão de milho (de "Avintes" dizem) com uma malga de caldo verde regados , abundantemente, com sumo de uva fermentado (a cerveja fica para depois...).

Ora, aí está, a festa não mudou de sítio. A medíocre RTP, apenas abandalhou um pequeno espaço dentro da Festa, ao mesmo tempo que inundava de lixo a casa de muitos portugueses. Nem o fogo-de-artifício conseguiram transmitir “au naturel”. A autarquia local, também imbuídos do espiríto "pimba", colaborou, colocando palcos, nos espaços mais pitorescos, para a actuação daquilo que pior se faz quer em Portugal quer vindo do outro lado do Atlêntico. Dizem-me os amigos que os martelinhos abafavam a porcaria debitada em Watt's desperdiçados. Só por isso, benditos martelinhos...

A “pimba” RTP, não se apercebeu que o S. João no Porto não tem nada a ver com o Santo António de Lisboa. A falta de cultura grassa como erva daninha, e neste caso nem o "Gramoxone" nos salva.

São estas cabecinhas de alho chocho, pagas a peso de ouro, que nos fazem chegar às nossas casas este tipo de programas.

Pensava que nada mais me admiraria, depois de assistir à cabecinha mais oca de todas as televisões apresentando e moderando um programa onde seria exigida alguma (ALGUMA!) cultura geral (com ordenado milionário), no acompanhamento do Mundial onde não fazem rigorosamente NADA (com principescos subsídios) onde apresentam pratos requentados acompanhados de salada analista (a peso de platina), mas não, para minha estupefacção ainda restava esta “piece de resistence”. Não sei mais o que se pode esperar desta pública (???!!!) instituição.

"É fartar vilanagem !!"

terça-feira, junho 20, 2006

Lendas...

Conta certa lenda, que estavam duas crianças a patinar num lago congelado.

Era uma tarde nublada e fria, e as crianças brincavam despreocupadas.

De repente, o gelo partiu-se e uma delas caiu, tendo ficado presa na fenda que se formou. A outra, vendo seu amigo preso, e a ficar congelado, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo por fim, parti-lo e libertar o amigo.

Quando os bombeiros chegaram e viram o que tinha acontecido, perguntaram ao menino:

- Como é que conseguiste fazer isto? É impossível que tenhas conseguido partir o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!

Nesse momento, um ancião que passava pelo local, comentou:

- Eu sei como é que ele conseguiu.

Os outros perguntaram:

- E pode dizer -nos como foi ?

- É simples: - respondeu o ancião: Não havia ninguém à volta para lhe dizer que ele não seria capaz.

***

Este texto deverá ser de alguém. Desconheço, porém, o autor. Caso alguém se sinta ofendido pela cópia, agradeço o favor de me avisar. Colocarei de imediato a autoria.

A César o que é de César...

terça-feira, junho 13, 2006

Polémica - 1

Crónica do Falar Lisboetês *
Vital Moreira **
De súbito, o homem do quiosque de Lisboa a quem eu pedira os meus jornais habituais interpelou-me:
- O senhor é do Norte, não é?
Respondi-lhe que não, que nasci na Bairrada e que resido há quase 40 anos em Coimbra. Fitou-me perplexo. Logo compreendi que do ponto de vista de Lisboa tudo o que fique para cima de Caneças pertence ao Norte, uma vaga região que desce desde a Galiza até às portas da capital. Foi a minha vez de indagar porque é que me considerava oriundo do Norte. Respondeu de pronto que era pela forma como eu falava, querendo com isso significar obviamente que eu não falava a língua tal como se fala na capital, que para ele, presumivelmente, não poderia deixar de ser a forma autorizada de falar português.
Foi a primeira vez que tal me aconteceu. Julgava eu que falava um português padrão, normalmente identificado com a forma como se fala "grosso modo" entre Coimbra e Lisboa e cuja versão erudita foi sendo irradiada desde o século XVI pela Universidade de Coimbra, durante muitos séculos a única universidade portuguesa. Afinal via-me agora reduzido à patológica condição de falante de um dialecto do Norte, um desvio algo assim como a fala madeirense ou a açoriana.
Na verdade - logo me recordei -, não é preciso ser especialista para verificar as evidentes particularidades do falar alfacinha dominante. Por exemplo, "piscina" diz-se "pichina", "disciplina" diz-se "dichiplina". E a mesma anomalia de pronúncia se verifica geralmente em todos os grupos "sce" ou "sci": "crecher" em vez de "crescer", "seichentos" em vez de "seiscentos", e assim por diante.
O mesmo sucede quando uma palavra terminada em "s" é seguida de outra começada por "si" ou "se". Por exemplo, a expressão "os sintomas" sai algo parecido com "uchintomas", "dois sistemas" como "doichistemas". Ainda na mesma linha a própria pronúncia "de Lisboa" soa tipicamente a "L'jboa".
Outra divergência notória tem a ver com a pronúncia dos conjuntos "-elho" ou" -enho", que soam cada vez mais como "-ânho" ou "-âlho", como ocorre por exemplo em "coelho", "joelho", "velho", frequentemente ditos como "coâlho", "joâlho" e "vâlho".
Uma outra tendência cada vez mais vulgar é a de comer os sons, sobretudo a sílaba final, que fica reduzida a uma consoante aspirada. Por exemplo: "pov'" ou "continent'", em vez de "povo" e de "continente". Mas essa fonofagia não se limita às sílabas finais. Se se atentar na pronúncia da palavra "Portugal", ela soa muitas vezes como algo parecido com "P'rt'gâl".
O que é mais grave é que esta forma de falar lisboeta não se limita às classes populares, antes é compartilhada crescentemente por gente letrada e pela generalidade do mundo da comunicação audiovisual, estando por isso a expandir-se, sob a poderosa influência da rádio e da televisão.
Penso que não se trata de um desenvolvimento linguístico digno de aplauso. Este falar português, cada vez mais cheio de "chês" e de "jês", é francamente desagradável ao ouvido, afasta cada vez mais a pronúncia em relação à grafia das palavras e torna o português europeu uma língua de sonoridade exótica, cada vez mais incompreensível já não somente para os espanhóis (apesar da facilidade com que nós os entendemos a eles), mas inclusive para os brasileiros, cujo português mantém a pronúncia bem aberta das vogais e uma rigorosa separação de todas as sílabas das palavras.
A propósito do português do Brasil, vou contar uma pequena história que se passou comigo. Na minha primeira visita a esse país, fui uma vez convidado para um programa de televisão em Florianópolis (Santa Catarina). Logo me avisaram que precisava de falar devagar e tentar não comer os sons, sob pena de não ser compreendido pelo público brasileiro, que tem enormes dificuldades em compreender a língua comum, tal como falada correntemente em Portugal. Devo ter-me saído airosamente do desafio, porque, no final, já em "off", o entrevistador comentou: "O senhor fala muito bem português." (Queria ele dizer que eu tinha falado um português inteligível para o ouvido brasileiro.) Não me ocorreu melhor do que retorquir:
- Sabe, fomos nós que o inventámos...
Por vezes conto esta estória aos meus alunos de mestrado brasileiros, quando se me queixam de que nos primeiros tempos da sua estada em Portugal têm grandes dificuldades em perceber os portugueses, justamente pelo modo como o português é falado entre nós, especialmente no "dialecto" lisboetês corrente nas estações de televisão.
Quando deixei o meu solícito dono do quiosque lisboeta do início desta crónica, pensei dizer-lhe em jeito de despedida, parafraseando aquele episódio brasileiro:
- Sabe, a língua portuguesa caminhou de norte para sul...
Logo desisti, porém. Achei que ele tomaria a observação como uma piada de mau gosto. Mas confesso que não me agrada nada a ideia de que, por força da força homogeneizadora da televisão, cada vez mais portugueses sejam "colonizados" pela maneira de falar lisboeta. E mais preocupado ainda fico quando penso que nessa altura provavelmente teremos de falar em inglês para nos entendermos com os espanhóis e - ai de nós! - talvez com os próprios brasileiros...


• In diário português "Público" de 4 de Janeiro de 2000
** Jurista e político português
*** Cf. os textos em contraponto desta controvérsia, Contra o "sotaque único" e Crónica do Falar Lisboetês (Bis).

Já consigo "postar"

A maldita firewall não me deixava fazer nada. Por vezes penso que, em nome da segurança, qualquer internauta torna-se escravo das protecções.

Dos vários "posts" que tinha elaborado, seleccionei este:

Um pai passeava com o seu filho na montanha, quando de repente o filho caiu, levantou-se e gritou :
- "AAAhhhhhhhhhhhhhhh!!!"
Com surpresa, ele ouviu uma voz repetir, na montanha:
- "AAAhhhhhhhhhhhhhhh!!!"
Pergunta curioso : Quem és tu ?
Recebe como resposta :
- "Quem és tu ?"

Enervado por esta resposta, ele grita :
- "Medroso !"
E ouve :
- "Medroso !"

Então ele olha para o pai e pergunta :
- "O que se passa pai ?"
O pai sorriu e respondeu :
- "Meu filho, ouve bem agora"

E ele gritou para a montanha :
- "Admiro-te !"
A voz respondeu
-"Admiro-te !"

Ele grita outra vez :
- "És um campeão !"
A voz responde :
- "És um campeão !"

O rapaz ficou admirado mas não compreendeu. Então o pai explicou :

"As pessoas perdem-se, caiem e levantam-se, é a vida. A vida devolve-te o que tu dizes e fazes. A nossa vida é simplesmente o reflexo das nossos actos. Se queres amor no mundo, começa por o ter no teu coração. Se queres que a tua equipa funcione,
começa por confiares mais em ti próprio.
Isto funciona para tudo na nossa vida.
A vida dar-te-á tudo o que tu quiseres. A vida não é uma coincidência : mas sim o reflexo do que se pensa e faz.

Atribuído a ALBERT EINSTEIN (sem certezas)