Claro que não.
Esta questão já não é de agora e de há muito que este repentina paixão pelo “Open Software” vem sendo utilizada com o maior dos desplantes por quem sabe perfeitamente que nunca irá cumprir com aquilo que dizem. É que não é necessário ir para a AR proclamar que vai fazer mas sim exigir que se faça aquilo que há muito todos os partidos concordaram em fazer!
Esta treta toda até parece indicar que o PSD viu finalmente a luz e que, depois de apresentado o seu novo S. Sebastião, ao fim de muitos anos finalmente se compromete com algo que parece uma autêntica novidade. Não sei o que este pessoal respira/come/bebe/fuma lá por aqueles corredores da AR mas tudo parece indicar que deverá existir por lá qualquer coisa que os faz esquecer de tudo o que prometem. Pior ainda, nem sequer de promessas se pode falar já que existe devidamente escrito e gravado as intenções de que se irá utilizar Programas Livres e Abertos (PL/A) na Administração Pública praticamente desde o princípio deste milénio!
Estas "novidades" de um PSD que apenas mudou uma ou duas caras fazem-me lembrar o fantástico empenho de alguns militantes de topo do PS, hoje ministros, em promover os PL/A. Quando estavam na oposição, como é óbvio e de tal forma que até chegaram a escrever artigos inteiros a proclamar as virtudes destes PL/A em diversas revistas da especialidade!
Se eu tinha alguma dúvida que o PSD de agora iria fazer uma revolução "tecnológica" tal ficou perfeitamente dissipado primeiro com o tal de "open software" e logo de seguida com a "alternativa de negociar uma licença única". Isto e mais umas coisitas acerca de outras medidas para encurtar a despesa duraram apenas uns momentos (ver cerca do sétimo minuto já que o resto não passa de palha) em cerca de 10 minutos de tanga. Ah!, e mesmo esses poucos momentos foram de uma generalidade que até dói, já para não falar da triste declaração "à semelhança, de resto, do que já sucede em outros países". Em abono da verdade, este PSD do "open software" não sabe rigorosamente nada do que se passa noutros países principalmente na AP dos países de topo da Europa onde os PL/A são já há muito uma realidade indesmentível, apesar da falta de informação dos pasquins “especialistas” da nossa praça nos quererem fazer pensar o contrário. Em resumo, pelo que se pode depreender, o que o PSD quer é uma arma com que possa chantagear esse alguém que negoceia muitas licenças com a AP e nunca recorrer aos PL/A como forma de tornar este país tecnologicamente independente e mais criativo e a custo zero. Ou serei eu quem estou a ver mal esta comédia e não conseguir conciliar uma "obrigação" com qualquer espécie de "alternativa"!?
Uma coisa assim do tipo "numa auto-estrada é proibido parar ou estacionar mas em alternativa poderá bater contra os rails de tal forma que a imobilização seja absolutamente necessária e, desta forma, não possa ser punida?
Outra das dúvidas que me fez desconfiar das reais intenções deste remendado PSD teve a ver com o tal de “open software”. O que será “open” para este pessoal?
Será que o “open” apregoado pela M$ chega para lhes satisfazer as vontadinhas?
Porque é que não mencionaram “Programas Livres e Abertos” ou em alternativa “Software Livre e Aberto”?
Para além de PL/A ser na língua portuguesa, que deveria mesmo ser de uso obrigatório na AR ao invés dos pseudo-intelectuais estrangeirismos que apenas torna mais ridículo o orador, inclui ainda o Livre de forma que cubra outras obrigações. É que de “open” anda o mundo cheio!
Provavelmente, não saberão a diferença mas caso estejam interessados poderão ler este excelente post em Jornal de Waterseven, companheiro no Planet Geek.
Sinceramente, eu até quero acreditar que este recauchutado PSD irá mudar alguma coisa, principalmente neste capítulo, e não cair em idênticas desgraças dos “Planos” de Sócrates, os tais que iriam dar mais umas centenas de milhar de postos de trabalho e que na realidade apenas contribuíram para umas centenas de milhar de despedimentos e uns milhões de € a mudar de mãos para um convicto monopólio já devidamente julgado e condenado nesta Europa que se diz unida.
Pois é, palavras levam-nas o vento e para acreditar em alguém que queira ser minimamente honesto exige-se acções ao contrário de vãs intenções profusamente repetidas. E até agora, é precisamente isso que tem faltado a todos os partidos que por lá andam a polir as cadeiras daquela que deveria ser a mais respeitada instituição deste país mas que no fundo, pelos casos diários que se vem na TV, é bem pior que uma peixaria, sem qualquer questão de menosprezo por esta tão honesta profissão. Pela parte que me toca, como se costuma dizer, sou como S. Tomé – ver para crer – e não me parece que seja este “novo” PSD que me faça ver alguma coisa positiva. Com toda a franqueza e honestidade, só espero mesmo estar enganado e daqui a uns tempos estar por aqui com o maior prazer a reconhecer que errei.