domingo, setembro 24, 2006

ABSOLUTAMENTE INACEITÁVEL

Não, não se trata do indescritível naco de prosa de Rui Jorge Cabral. Também poderia ser mas não é.

Trata-se, mais uma vez, da escola conhecida por "Mãe de Deus", e não tem nada a ver com as obras que, finalmente, estão a ser executadas.

Tem sim a ver com o célebre caso da agressão, após o qual esta escola resolveu interditar o acesso dos acompanhantes das crianças ao recinto da escola, i.e., a partir do portão lateral, pois os outros já se encontram fechados a cadeado há mais de um ano.

Até aqui nada de mal. Só que esta resolução resultou de um acto de cobardia sem limites, principalmente pela parte da agredida, de todos os elementos da escola e da direcção desta. Num clima de medo, fecham as portas a todos, qualificando todos os pais, mães e outros acompanhantes no mesmo nível do(a) agressor(a).

Já no ano lectivo transacto, esta situação tinha levado a algumas discussões. Pessoalmente, não entendo como uma pessoa e respectiva entidade, são alvo de uma agressão e ao invés de castigar o agressor castigam os inocentes.

Agora a situação piorou.
Sexta-Feira passada, 060922, fui buscar o meu filho mais novo tendo chegado a esta escola às 12h58, um pouco mais cedo do que a hora de saída que é às 13h00. Para minha total surpresa e estupefacção encontro dezenas de crianças junto ao portão lateral debaixo de um intenso aguaceiro que entretanto se abateu. A essa hora 12h58, a dois minutos da hora de saída já estavam lá, a atentar pelo aspecto, há largos minutos. De salientar que já estava a chover há mais de 30m, embora não muito intensamente. Imediatamente acorri ao meu filho tendo-o tirado dali para fora para o interior do carro. Estava todo molhado. Não, molhado é pouco, encharcado afigura-se mais correcto, a escorrer água por tudo quanto era sítio, mochila incluida.
A acompanhar estes pequenos todos estava apenas uma auxiliar. Era esta quem controlava o movimento de saída/entrada de pessoas. Só vendo para acreditar numa coisa destas. Junto deste portão não existe qualquer protecção aos agentes atmosféricos. Os pequenos todos ali à chuva, há um bom pedaço de tempo, e ninguém a tentar fazer algo para minimizar esta situação.Com a notável excepção dessa auxiliar, parecia que não existia ninguém dentro do espaço escolar. Fiquei com a impressão que já todos tinham debandado do local de trabalho. Isto às 12h58, torno a frisar.

É assim que os (ir) responsáveis tratam dos seus assuntos:
-Primeiro, saem fora de horas, sem respeito pelos horários estipulados por eles próprios;
-Segundo, plantam as crianças à chuva sem cuidarem de qualquer tipo de protecção e cuidados;
-Terceiro, não assumem a sua posição de cidadãos ao submeterem-se à chantagem do medo através do emprego da violência física.

Sendo assim, o que estão lá a fazer?
Serão estes os educadores das futuras gerações?
É este o exemplo de justiça, moral e coragem, necessários para o fortalecimento da personalidade cívica nesta geração de crianças?
São estes os basilares protectores da saúde das crianças que andam nas escolas?
Será que querem ser agredidos mais vezes?

Não sei, mas parece que sim.

Pelo menos parem para pensar um pouco e vejam quem tem à vossa frente.
Irão ver, se conseguirem atingir mais do que um palmo à frente do umbigo, que:
SÃO CRIANÇAS!!!
Não tem qualquer culpa neste processo.
Não podem ser violentadas desta forma, devido às vossas fobias.

Maldita a sociedade que trata melhor os animais de estimação do que os seres humanos. Mais maldita é quando trata assim as suas crianças.

Entretanto, eu e a minha mulher, iremos proceder a uma série de queixas junto das entidades que possam ter alguma palavra neste processo. Já sabemos que por parte desta escola e respectiva direcção não obteremos nada. Idem, ibidem por parte da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Esta certeza prende-se com o alheamento destas entidades pelo que tem acontecido. Se quisessem fazer alguma coisa já há muito o teriam feito. Mais uma vez a desculpa vão ser as obras. Já a sei de cor desde há 9 anos a esta parte, quando fiz queixa por causa do piso que todos os anos reclama várias vítimas, algumas até para tratamento hospitalar.
Só resta o silêncio.
Pela nossa parte, ficamos, pelo menos, com a certeza que estaremos a fazer o que está ao nosso alcance em vez de, cobardamente, assobiar para o lado.

A partir deste momento, assumi a certeza da necessidade da reforma apontada pela Sra. Ministra. Vou aguardar, ansiosamente, pelo arranque das avaliações. Agora começo a perceber o medo demostrado perante a avaliação pelos encarregados de educação. Pela minha parte, quando tal for possível, podem começar a ter medo, pois nunca poderia dormir em paz se "calasse" a minha voz perante este tipo de situações. Seria, no mínimo, um acto tão cobarde quanto o deles.

A todos os que puderem ajudar na resolução deste problema, agora que já estamos no Outono e com o Inverno à porta, ficarei eternamente grato.

16 comentários:

Ana Loura disse...

Dá lhes com força. Há que responsabilizar as pessoas...
Abraço mariense

jocaferro disse...

Obrigado.
Esta Sexta-Feira já lhes demos com força. Eu e todos os pais/encarregados de educação.
Novas guerras se vislumbram num horizonte não muito distante.
@braço.

Anónimo disse...

ai, ai... muitos lamentos pelos mau-maus "agentes atmosféricos", pelos "inocentes", pelas "apenas crianças"... mas, lento esse vai e vem de queixetas babosas e tanta repitida "coragem" da sua parte e tanta repitida "cobardia" da parte apeteu perguntar... Você consegue sair da esfera do seu ego? Ou tanta coragem sua não lho permite? Os pisos, chuvas, faltas de abrigo muito bem... Mas o entra e sai da escola, que é de todos, e nossa e de cada eventualmente energumero que apareça pelas costas de uma pessoa que lide mesmo com inocentinhas crianças é somente civilizado que tenha cobro. Se muitos (não todos) não têm a cividade de pedir - sem entrar por lá adentro - para serem atendidos, então não há solução, a bem da educação

(espero que consigam juntos, não uns contra outros, um toldo, cabine, sala, o que for para ficarem protegidos das intempéries)

- queira perdoar erros de gramática ou o que se lixe, mas reler só se fosse para alguma receptor mais compreensível


Edgardo

jocaferro disse...

Edgardo:
Primeiro vou responder ao se "pode saír do seu ego?"
Posso. Já saí. Embora o custo possa ser elevado, em termos pessoais e profissionais, arquei com a responsabilidade de pertencer à Associação de Pais. Sem qualquer medo, OK?

Em relação aos lamentos:
-Devia ter visto! Umas dezenas de crianças, agarradas às grades do portão de saída, debaixo de uma chuva torrencial. Como um pai diria mais tarde, nem as fotografias dos países "3º munditas" poderiam chocar mais.

Em relação ao entra e sai:
OK:
-Poderá questionar a segurança. Certo! -Poderá argumentar que a escola não possui o quadro completo, no tocante às auxiliares. Certo!
-Poderá, eventualmente, citar "éne" de coisas que não existem/funcionam. Certo!

Mas, Edgardo, aquele espaço é uma escola. Tratam-se de crianças, na sua maioria de 5, 6 e sete anos. Qual é a culpa deles?

Quanto à cobardia:
-o Edgardo devia informar-se sobre o que aconteceu. A sério. Sei que conseguirá. Depois falamos se, eventualmente, estiver interessado.

Por vezes tenho a mania de ser irónico. Gosto de brincar com as palavras e, daí alguns comentários menos bem sucedidos. Podem-me chamar nomes, apelidar-me do que quiserem. Estes meus defeitos, podem levar as pessoas a não me levar a sério. Mas, uma coisa lhe garanto:
-DESTA VEZ ESTOU A FALAR A SÉRIO, OK?

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Caro Jocaferro, desta vez, estou inteiramente de acordo consigo.

A tua reivindicação é justa e aceitável.

Será que me podes dizer se os meninos de etnia cigana continuam a frequentar estra escola?
Espero que não tenham resolvido o problema proibindo ciganitos de frequentarem a escola, ao invés de "castigarem" a agresora.

Uma solução fácil para este problema era a associação de pais criar uns cartões de identificação (identificando-os, com foto, como pais de um aluno daquela escola).

Para entrar na escola bastava que o mostrassem, pelo menos evitava que estranhos entrassem. Quanto a pais agressores, só quando se sentirem punidos é que refrearão os seus ânimos.

Quanto á avaliação dos professores, pelos pais, o que eu não percebo é porque os últimos, até aqui, não participavam.

Um abraço

Crede madrinha

Anónimo disse...

José Carlos,

Podia enviar-me os dados dos representantes da Associação de Pais? Não tenho outro modo de contactar consigo...

José Azevedo

jocaferro disse...

Obrigado pelo apoio.

Não não proibiram qualquer pessoa de entrar na Escola. Ficou vedado o acesso ao espaço interior a qualquer hora do dia, porque existiam situações em que o espaço se transformava em parque de recreio das redondezas.

Desta vez, penso que temos uma Sra. Coordenadora à altura, e que algumas anomalias podem ser rapidamente resolvidas, assim haja a vontade das entidades responsáveis.

Eu não sou pelo acesso indeferenciado à Escola. Em dias de mau tempo, poderia abrir-se excepções, o que poderá vir a acontecer.
O controle de acessos também é uma solução à vista, com o fim das obras e o imediato regresso ao horário normal.

Quanto à avaliação pelos pais, este é um problema muito complexo. A minha opinião é que deveria ser assim. Podem argumentar com um possível aproveitamento da situação, mas creio que após um período inicial, a aculturação provocada pelo grupo de pais poderá dar frutos.
Obrigado e um abraço.

Anónimo disse...

Jocaferro parece ser boa pessoa e, quando boa vontade há, nada há que, sem queixas e acusações em escalada, não se resolva...


Edgardo

jocaferro disse...

Obrigado, Edgardo.

Tem toda a razão, mas a paciência tem limites...

Eu sou muito repentino.
Falo pelos cotovelos.
Também sou um teimoso da porra. ;)

Devido a este meu temperamento, perco muitas "guerras" pelo exagero da linguagem.

Tenho tentado melhorar. Estou a conseguir ser mais frio e calculista nalgumas situações, porque não se pode ir a fundo, pelo menos a princípio.

Isto tem dado alguns frutos. Pelo menos já consigo dormir mais uma 1/2 horita.

PS: Também sofro de insónias e apenas durmo 2, no máximo 3 horas por dia. Por vezes a irritabilidade domina as minhas acções.
Espero que os ofendidos me desculpem.

Anónimo disse...

Correndo o risco de parecer pretencioso, digo, que quanto á minha pessoa, nenhuma ofensa foi proferida, pelo que não há lugar a desculpas.

Somos companheiros de Blogosfera. Cada um com o seu estilo e sujeito ao humor diário...seu e do outro...adoro a diversidade, de opinião, criação, expressão, etc...Claro que a nossa liberdade acaba onde a do outro começa....

Não somos assim tantos, todos fazemos falta.

Cumprimentos companheiros.
hasta la muerte, siempre

P.S.- esta troca de galhardetes teve, pelo menos, a virtude, de me fazer clicar na sua Homepage e vir dar aqui, ao seu bit.ate....fica mais um na minha lista de visitas.

Crede madrinha...ou será padrinho

Anónimo disse...

Aproveitando a onda, e a tua coragem ;), peço-te que me esclareças quanto ao destino do filho/s da cigana que agrediu a professora, e se continuam (espero que sim)outros ciganitos a frequentar a EB da Mãe de Deus.

Porquê, em tua opinião, não foi apresentada queixa crime? Por medo de represálias? Serã que chegou a haver ameaças? Onde lecciona a professora agredida? Continua na mesma escola?

Já que no post te insurges contra a cobardia e medo dos intervenientes, gostava de saber o porquê desta verdaeira cobardia ( a ser verdade que não houve consequências para a agressora e que a solução foi fechar a escola a "cadeado" e penalizar todos por um acto, criminoso, de uma pessoa.

abraço
Crede madrinha

jocaferro disse...

Não tenho elementos fidedignos acerca do que se passou. Existe muito "diz que disse".
Quando tiver informações concretas, "postarei", ok?
Pelo que percebi (e vejo) ninguém foi banido desta escola. Felizmente!

@braço.

jocaferro disse...

O meu agradecimento a todas as pessoas que "repararam" neste post.

Todas as notícias acerca das actividades da Associação de Pais e Encarregados de Educação da EB/JI de S. Pedro estarão disponíveis em:

www.apesp.blogspot.com

Cumprimentos.

Anónimo disse...

OKapa. Fico á espera.
Creio que as respostas a essas perguntas são o essencial da questão. Não te parece?

Com muito "diz que se disse", como podemos opinar, objectivamente, sobre as consequÊncias de tal agressão?

Um abraço.......e, Jocaferro, regressa ao Foguetabraze.....ou lê os últimos comentários. Felizmente, não sou o único a achar piada ao Edgardo.

Crede madrinha

jocaferro disse...

Ok.
A única consequência que conheço foi impedir o acesso a TODA a gente.
Desconheço,porém, a verdadeira causa.

Não se trata da "velha" questão filosófica causa/efeito.

Tenho lido os blog's habituais. Claro que, o Edgardo ocupa um bom bocado de tempo a lêr e assimilar...

@braço.

jocaferro disse...

Ahhhh...
A bobonne foi muito gira...