domingo, janeiro 27, 2008

MONOPÓLIO MAIS UMA VEZ EM ACÇÃO

A M$ depois do mais completo domínio dos E.U.A. quer partir agora para a conquista da Europa.
Nos E.U.A. já dominava a seu bel-prazer tanto mercado quanto a política. Mas nos E.U.A. tudo é perfeitamente normal quando se pensa que as campanhas eleitorais recebem directamente apoios ($) de empresas. No caso da Europa o mesmo acontece só de uma forma mais subtil e mais disfarçada. E a que é que isto leva?
À completa rendição dos governantes aos interesses empresariais. Disto ninguém tenha a mínima dúvida. Sempre que digo que o Mundo é dominado unicamente pelo poder do dinheiro há sempre alguém que contrapõe e diz que não é bem assim. Geralmente dou o exemplo de Bill Gates ou Steve Ballmer que quando se dirigem a qualquer país são recebidos tal como se tratassem de Presidentes de qualquer país. Ou melhor, talvez melhor do que muitos Presidentes.
A M$ sabe disto e mantém os governantes presos pelos tomates e se alguém quer exemplos não é preciso ir muito longe e ver o que acontece em Portugal. Além de os ter presos pelos ditos consegue ainda a fantástica proeza de mostrar claramente ao Mundo, que os domina e que faz deles o que quer, através dos tão famosos "Government Liders Forum" . Este domínio é praticado de uma forma tão clara que acontece muitas vezes estarem presentes líderes de países que estão completamente na merda ou envolvidos em guerras fraticidas e onde o povo passa fome e sede além da falta de liberdade e democracia.

Bem, e toda esta prosápia porquê?
Porque a M$ quer estender os tentáculos à Europa e anda a tentar convencer os governantes europeus que devem ter apenas uma plataforma de "e-government". Claro que esta plataforma só poderia vir de Redmónio ou estavam à espera que eles dissessem que o software aberto e sem estar escravo de apenas uma empresa é que é bom para qualquer governo do Mundo!?

Pensem um pouco e verão o absurdo de tal ideia. Nunca pensei ver, durante os anos da minha existência, alguém a proclamar a total dependência de países a uma única empresa e ainda por cima baterem palmas. Há aqui alguma coisa de errado...

Os governos europeus devem investir numa única plataforma de e-government?
Um veemente sim, sem qualquer sombra de dúvida!

Essa plataforma única poderá algum dia ser de uma empresa americana, conhecida por ser um dos maiores e tristes exemplos do comportamento de um monopólio, de código fechado e de tal forma complicado que nem eles próprios sabem o que andam a fazer e que domina completamente a classe política dirigente (*)?
Um rotundo NÃO. Os governos europeus podem e devem construir a sua própria plataforma de e-government, baseada no software livre e aberto e nunca de uma outra forma onde ficarão eternamente dependentes e subservientes aos caprichos de uma companhia. Companhia essa onde a única e principal intenção é obter o máximo de lucros para os seus accionistas e não, NUNCA, o bem estar dos povos do Mundo, embora seja essa a mensagem que querem transmitir.
Além de construirem uma plataforma própria estarão a investir em know-how e técnicos de elevada craveira, tão ou superiores aos da própria M$ e principalmente, independentes dos caprichos de uma empresa que reconhecidamente:
-atropela tudo e todos;
-rouba ideias descaradamente;
-está constantemente em litígio com alguém;
-defensora dos métodos ilegais que castram os direitos dos compradores;
-bastião do alastramento do ridículo sistema de patentes dos E.U.A. por todo o Mundo;
-que suborna comités técnicos de países (além de colocar meros empregaditos a chefiar outros comités) para fazer passar um formato proprietário, carregado de copyrights e certamente protegido por patentes como standard livre e aberto;
-super-protegida pelo governo dos E.U.A. principalmente no tocante ao suspeito esquema financeiro e de tal forma que é dada como exemplo da superioridade dos "americanos" face aos restantes (ignorantes) povos de todo o "outro" Mundo,;
-etc. etc.

Em suma, o que é que uma empresa deste género pode interessar a uma Europa que se quer dos Europeus(**)!?

Ah! e tal mas a M$ é quem domina o Mundo. Já que é assim, não será melhor entregar de mão beijada a construção dessa plataforma?
Ora basta reparar neste pressuposto para ver o que realmente se está a passar. Atente-se nestas palavras que resumidamente dizem tudo:
Microsoft is also approaching the problem with a new range of software, the Citizen Service Platform (CSP), launched at the Berlin conference. The idea is to facilitate cooperation by offering the same products to everybody, as has already occurred in offices and households worldwide with its Windows operating system.
Acho que estas palavras nem precisam de qualquer comentário adicional...

Espero bem que a Europa saiba escolher de uma vez por todas aquilo que é melhor para os Europeus, e talvez para os restantes povos do Mundo, e enveredar de vez pelo caminho, talvez mais difícil, de construir a sua própria identidade. Esta não se faz de um dia para o outro nem se encontra no mini-mercado da esquina como a M$ quer tentar transmitir mas sim com muito trabalho e investimento interno.
Quem quer saber se a M$ já tem um produto feito e que pode ser aplicado de um dia para o outro?
Só e apenas os políticos que não fazem correctamente aquilo que deviam fazer ou seja, andam com as calças na mão quando o prazo está prestes a terminar e, entretanto, durante os muitos anos em que deveriam ter feito algo a única preocupação que tiveram prendeu-se em como melhorar o swing ou o drive de forma a conseguir um ginjola, ou ainda combinar os sucessivos almoços, jantares e cocktails(***).

Assim, Europeus digam não a mais uma tentativa de colocar grilhetas num dos processos mais fundamentais da liberdade de uma verdadeira democracia e nunca ficar à mercê da vontade dos especuladores da M$.
Qualquer uniformização do software terá que ser devidamente ponderada e feita dentro de portas tendo por base um sistema completamente aberto, e já agora livre/gratuito, e nunca uma coisa qualquer que ninguém sabe o que verdadeiramente faz, e como o faz, e que pode, de um momento para o outro, subjugar os governos de todos os países europeus à vontade de sua excelência a M$.

Para terminar, gostaria que pensassem apenas um pouco no grande perigo que poderá advir se tudo o que os governos europeus fazem tiver que passar obrigatoriamente por um único e exclusivo programa que, como ficou acima expreso através das palavras do próprio elemento, quer estender o seu domínio aos governos tal e qual já o faz nas empresas e nos lares através do SO Windows!
A mim só me dá arrepios ao pensar em tal coisa!

(*) - Já alguém tentou obter um audiência com o 1º ministro?
Já alguém foi convidado a assistir e a botar faladura numa sessão na Assembleia da República mesmo ao lado do presidente desta mesma assembleia?
Já alguém teve o trânsito parado para poder passar enquanto ia discursar à A.R. ?
Já alguém teve direito a passadeira vermelha a todo o sítio onde vá por parte do nosso querido governo?

Se nós que somos cidadãos destes países, nós que votamos e pagamos as asneiras que os governantes fazem em nosso nome, nós que votamos nessas pessoas para que estas agissem no melhor dos interesses de um povo, não temos qualquer hipótese de termos direito a uma destas benesses, porque carga de água tem o Bill Gates ou o Steve Ballmer quando se dirigem a Portugal ou a qualquer outro país!?
O que é que eles fizeram assim de tão especial que merecem, no caso de Portugal, imensamente mais mordomias que os cerca de 11 milhões de pessoas que realmente FAZEM este país?

É muito triste verificar que os governantes abandonaram a clássica forma do "povo é que faz um país", excepto quando se recordam durante as campanhas eleitorais, para aplicarem a fórmula do "quem manda é o dinheiro". E dizem-se social qualquer coisa!!!

(**) - Pelo menos é o que os políticos andam constantemente a proclamar e ,mais uma vez, aquando das eleições ou referendos. Já agora aproveito para criticar negativamente a atitude do nosso 1º quando decidiu pela sua própria cabeça o assinar de um Tratado que deveria ter sido alvo da opinião popular, conforma prometido...

(***) - Dizem que os portugueses são dos melhores jogadores de golfe embora quando foram para lá nem sequer sabiam pegar num ferro. Depois ficam com muito tempo disponível para aprender e eventualmente tornarem-se em campeões um pouco à moda de João de Deus Pinheiro...
Também é conhecida a natural propensão dos portugueses para os manjares e cocktails. Mais uma vez rendo-me à perícia desse grande mestre João de Deus Pinheiro...
Segundo dizem, o Barroso nunca-mais-serei-Durão é um exemplo de pontualidade. Tiro-lho o chapéu, que não uso, sr. Presidente da "Europa". Até que enfim, existe um português que chega a horas de eventualmente poder discutir alguns assuntos que não deixem Portugal de lado por falta de comparência...

Se querem lêr mais sobre este nojento assunto, queiram dirigir-se, por favor, até EurActiv.com.

5 comentários:

Pedro Ribeiro disse...

jocaferro:

É por aí que temos que agir... A M$ já não se interessa pelo mercado "soho", agora quer comprar governos.... Esperemos que a EU tenha mais bom-senso nesta matéria que noutras ocasiões !
Lamentavelmente os papalvos do nosso governo já se venderam aos Srs. Bill e Steve...

Carlos Afonso disse...

Vamos lá começar pelo fim. A participação de portugueses em referendo é no mínimo baixa, nenhum referendo até hoje teve efeitos juridicamente vinculativos. Mesmo que alguém viesse dizer que o efeito do tratado é mais uma perca de soberania isso à generalidade das pessoas não aquecia nem arrefecia.

Quanto a meter no bolso a alta hierarquia do estado as tuas palavras parecem ter vindo do bastonário da ordem dos advogados.

Quanto a uma só sistema de interação com o cidadão europeu sou totalmente contra quer seja de código aberto quer fechado, estou farto de ver demasiadas balas de prata que depois de passagem pelo espectrografo do tempo se vêm a revelar ser feitas de bosta.

jocaferro disse...

Sim, a participação dos portugueses nos referendos, e não só, é baixa;
Sim, concordo que esta matéria não necessita de referendo;
Sim, a grande maioria dos portugueses não sabem nem percebem o que se iria referendar;

SIM, o nosso 1º prometeu que se efectuaria referendos para assuntos destes.
Prometeu, cumpre!
Mais nada!

Analisado cronologicamente, o meu post é anterior ao do bastonário, pelo menos publicamente, pelo que permite-me a fazer a seguinte correcção:
"Quanto a meter no bolso a alta hierarquia do estado as palavras do bastonário da ordem dos advogados parecem ter vindo de ti."

Quanto à última questão o pormenor reside no Se. Não é Se é terá que ser uma realidade e toda a Europa terá futuramente um só sistema. Disso não tenho qualquer dúvida, assim como a meta, princípio da implementação, está (estaria) fixada para o próximo ano!

@braço.

Carlos Afonso disse...

Viva!

Primeiro o sócrates prometeu referendar o tratado constitucional (este pelo menos tem um nome diferente) ou seja ele prometeu referendar um Tratado que já não está em cima da mesa (já era previsível que isso sucedesse aquando da promessa pois era uma das hipóteses aventadas para chutarem o problema para canto).

Quanto ás palavras do bastonário aquilo que queria dizer é que parece que lhe andaste a escrever parte do discurso não que tenhas dito publicamente aquilo que ele disse.

Quando ao "Se" o princípio da implementação pode estar fixado, já vi alguns projectos europeus derivarem no tempo e serem menos ambiciosos no final do que aquilo que se previa inicialmente.

jocaferro disse...

:-))

Se andam para aí os Serviços Secretos ainda vou ser chamado à Procuradoria...

Eu também achei um prazo muito ambicioso - 2009 a 2011(?).
No seio da Comunidade existem divergências a vários níveis e alguns países não querem abrir mão de alguns procedimentos. Este, julgo que não vai ser passível de uma forte oposição.
De qualquer forma, penso eu de que, terá que existir uma uniformização de alguns processos mas "quando" é uma uma questão pertinaz.

@braço.