sábado, setembro 15, 2007

PORQUE HOJE É "SOFTWARE FREEDOM DAY"

Há uns anos atrás comprei a minha primeira casa. Até aquele momento apenas tinha vivido ou em casa dos meus pais ou em casas alugadas.
Foi, para mim um grande dia. Iria ser totalmente independente!
Um apartamento fixe, numa zona sossegada, cheia de luz devido às suas grandes janelas que nunca compreendi bem porquê mas eram pintadas cada uma com a sua cor, e por um preço bastante acessível, atendendo às minhas possibilidades financeiras fizeram com que esse dia se tornasse inesquecível.
Sim, recordo agora com alguma nostalgia, nunca mais me hei-de esquecer desse dia!
Entretanto, comecei a comprar a mobília, nem sempre a necessária, e dediquei-me a colar algum papel de parede para aliviar o enjoativo tom de verde/azulado que algum mentecapto se lembrou de pintar a minha casa.
Andava extremamente satisfeito com a minha nova casa mas por uma necessidade até hoje incompreensível mudava toda a mobília de 3 em 3 meses. Em resumo, nada de grave apenas uma grande dose de trabalho.
Mais tarde começaram a acontecer vários problemas, desde canos podres e a verter água, tubos entupidos, interruptores sem funcionar, lâmpadas sem acender, bichos dos mais diversos tais como baratas, aranhas e formigas, enfim, só problemas.
Mais, o que era ainda pior, estes problemas começaram a ser diários e de vez em quando era tudo ao mesmo tempo.
QUE MAIS ME IRÁ ACONTECER?!
Um dia, tinha que entregar um trabalho de equipa que iria ser fundamental para a passagem do 1º para o 2º ano de Direito. Vamos todos para minha casa e começamos a dar-lhe a todo o gás. O pessoal fez 4 dias quase non-stop, para acabar o bendito trabalho, e precisamente quando o fim se aproximava a casa começa a apresentar os habituais sintomas de que algo iria correr mal.
Dito e feito!
Os problemas foram de tal ordem que só após 4 semanas é que conseguimos ter tudo mais ou menos normal.
Como minha casa estava despachada, lá tivemos que ir para a casa do vizinho para nos dedicarmos a mais uns 7 dias de árduo trabalho para recuperar tudo o que tínhamos feito anteriormente.
pqp, esta casa!
O empreiteiro, sempre o mesmo fdp, dizia que compreendia mas que se calhar era eu que era esquisito pois ninguém se queixava e ele vendia daquela merda à tonelada, ou melhor, aos milhões.
Foda-se!
Eu é que era o esquisito!

Bem, para não perder o dinheiro, lá ia investindo num dos novos apartamentos que o gajo construía. Eram quase todos iguais ao original mas sempre tinham algumas diferenças. A minha sorte era que arranjava sempre comprador para o apartamento anterior. Já nem sei quantas vezes mudei mas sempre dentro desta porcaria.

Entretanto imediatamente ao lado começaram a construir uns novos apartamentos. Pus o meu à venda, ninguém o queria mas lá acabou por aparecer um tanso, e tratei logo de comprar um destes novos apartamentos.
Mudei-me para lá em 1995 e digo-vos uma coisa - este novo apartamento tinha muito melhor aspecto do que o anterior e, quando julgava tudo iria correr melhor, nada disso, foi exactamente a mesma coisa e lá tive que aguentar mais uns anitos.

3 anos depois comprei um novo apartamento que, embora um pouco melhor, apresentava praticamente os mesmos problemas dos anteriores.

Mais acima, decorria então o ano de 2000, tinham acabado de construir uns apartamentos todos bonitos por fora. Eu já andava desconfiado e deixei que outros os comprassem e experimentassem para ver o que dava, mas não consegui resistir a "roubar" uma chave e andar algum tempo a morar num destes novos e bonitinhos apartamentos.
Merda, que nojo. Acho que é melhor ficar por aqui pois não há palavras que possam descrever aquela porcaria.

Como a bronca foi tão grande, lá mudaram de projectista e conseguiram finalmente criar algo de novo. Estes é que são fixes, pensei cá para mim.
E não é que eram mesmo?
O grande problema é que um dia volta para casa mais cedo e encontro o empreiteiro dentro do meu apartamento. O gajo estava sentado no sofá todo descansado, mas eu tinha a certeza que ali havia gato. Porém, ele disse-me que tinha accionado um alarme qualquer, acho que de intrusão, e em consideração pela minha pessoa e, aliás, sabendo de antemão que eu quereria que ele fizesse aquilo que fez, foi até lá e resolveu o assunto.
Vai daí, perguntei:
P - "Ó chefe, e o que é que você fez?"
R - "Ouça, é muito complicado e não se preocupe com isso. Lembre-se que eu sei muito bem o que os meus clientes querem".
P - "Então diga-me lá o que é que o seus clientes querem?"
R - "Bem, eles querem aquilo que eu lhes dou. Eu sei o que querem e dou-lhes. Assim escusam de se preocupar à toa. Sabem perfeitamente que podem contar com o tio Portões."
P - "Ouça, e se o pessoal não quiser que você, apesar desse omnipotente conhecimento, lhes faça nada sem perguntar?"
R - "Ora, ora e quem é que iria fazer tal coisa?
Olhe, mesmo que existissem alguns, eu continuaria a invadir a casa que fabriquei, se achasse que existia algum perigo."
P - "Ok, e se houvesse alguém que não quisesse de forma alguma que o "tio" interviesse?"
R - "Mau, mau. Já me está a chatear. Olhe deixe-me dizer-lhe que não há uma única pessoa na Terra que quisesse tal coisa. Ou melhor, se por acaso houver por aí alguém nestas circunstâncias, essa pessoa não deve estar a raciocinar como deve ser. Olhe, neste caso, eu teria que lhe prestar, na mesma, este serviço."

Lá vendi eu aquele apartamento, que até nem era mau de todo em relação aos outros, e consegui comprar uma quinta.
Contactei com um arquitecto, um engenheiro, um empreiteiro para cada especialidade e pus mãos à obra. Foi tudo à minha maneira segundo aquilo que eu queria e, muito importante, ninguém me cobrou nada. Absolutamente nada!
Também muito importante é eu ter os projectos da casa não apenas os iniciais mas também as telas finais. Qualquer coisa e vou logo directo ao problema. Se não conseguir há sempre alguém disposto a ajudar.
Foi toda construída em pedra, segura q.b., sem infiltrações de qualquer espécie, e com um aspecto fantástico.

Para terminar:
LIVRE DE UM DIA AO VOLTAR A CASA TER LÁ ALGUM DESCONHECIDO A DIZER-ME QUE ELE É QUE SABE AQUILO QUE EU QUERO!

E você, ainda vive num apartamento?

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu vivo numa casa no bairro Debian, rua Unstable. Até agora só tenho uma queixa, a falta de som nos clientes de email.
A vizinhança é segura, estável, não dá muitas dores de cabeça e ninguém dita os destinos da "casa" a não ser eu.

jocaferro disse...

;-)))

Anónimo disse...

Porra por isso é que eu moro no Continente :)